17 outubro, 2009

Estilo Clássico

Uma rápida evolução na técnica e no estilo leva ao classicismo grego (c. 450-323 a.C.), período em que se realizam as mais importantes e seminais conquistas no terreno do naturalismo, ao mesmo tempo em que perduram uma série de convenções estritas a respeito de proporções e ordem, dando origem a uma síntese sem paralelos no mundo antigo e que até hoje permanece uma referência vital para a arte e cultura de grande parte do mundo primeiro grande centro produtor do classicismo é Atenas, acompanhando sua hegemonia e esplendor, construindo uma sociedade democrática - para os padrões da época - e que prezava a liberdade individual, favorecendo uma arte mundana.




O interesse gradualmente se desloca do geral para o particular, do simples para o exuberante, e a representação anatómica chega a um estágio de grande verosimilhança, com maior estudo da musculatura do tronco e membros em detrimento da face, que perde em expressividade embora ganhe em semelhança e detalhe, surgindo os primeiros retratos.


Os panejamentos e mantos das vestes recebem atenção especial e adquirem variedade como complementos formais importantes para a figura humana, as posições são muito variadas, e as esculturas abandonam definitivamente a frontalidade para receberem acabamento por igual em todas as suas partes, de forma a poderem ser apreciadas de todos os ângulos.


Também começam a ser registadas as actividades de artistas que formariam importantes escolas e estabeleceriam padrões de proporções ainda empregados actualmente. O primeiro autor notável, vencendo definitivamente a rigidez reminiscente do período Arcaico, foi Míron, criador do célebre Discóbolo, onde as tensões do movimento são exploradas com maestria e realismo. A seguir vem Fídias, que levou a estatuária grega ao seu primeiro momento de real esplendor.


Foi autor de estátuas colossais como o Zeus de Olímpia e a Atena Parthenos, imagens dotadas de grande majestade, das quais hoje subsistem infelizmente apenas cópias menores ou descrições. Mais dinâmicas são as esculturas do “pedimento” do Partenon. Outras obras atribuídas a ele ou à sua escola são o Apolo de Kassel e a Atena Lemnia. Dentre seus seguidores estão Alcamenes e Kresilas. Contemporâneo de Fídias foi Policleto, de fama igualmente vasta, criador de um cânone de proporções ideais do corpo humano que encontrou expressão magnífica em obras como o Doríforo, o Discóforo e o Diadúmeno.


Atenas caiu em 404 a.C., no fim da Guerra do Peloponeso, e conseguiu contudo preservar sua influência cultural por mais algum tempo, mas instaura-se uma certa confusão política na Grécia e novos valores são introduzidos na sociedade, e o ideal aristocrático de vida e educação é posto em xeque pela burguesia que vinha enriquecendo mas era bem menos culta e baseava seu julgamento em critérios antes de tudo emocionais e estéticos. Assim prolifera uma arte que privilegia aspectos puramente plásticos e sensoriais, o retrato se populariza e a dissolução de diversos tabus possibilita a abordagem de temas antes vedados, como o nu feminino. O cidadão, enfim, assume a dianteira em relação ao Estado como o principal patrocinador da arte.


Reflexo destas mudanças, que em arte definem o chamado baixo classicismo, ou classicismo tardio, é) o deslocamento dos deuses mais antigos e austeros, como Hera e Atena, em favor dos olímpicos jovens e dinâmicos, como Apolo, Ártemis e Afrodite.


Eufranor adaptou o cânone de Policleto e representa a evolução da escultura grega em direcção a uma escola mais realista, sensual e delicada, de cariz mais humano e menos augusto e idealizaste, que teria grandes expoentes em Praxiteles, Lísipo e Escopas já no século IV a.C., e que apontariam o caminho para o desenvolvimento do estágio helenizante a seguir. Praxiteles, o mais famoso deles, foi o primeiro a introduzir o nu feminino em escala natural com a sua Afrodite de Cnido (uma das mais famosas criações de Praxiteles, uma das criações mais influentes e celebradas do classicismo grego, definindo um cânone de proporções para a figura feminina Hermes com o infante Dionísio e o Apolo Sauróctono são outras de suas obras conhecidas.

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